sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pensamentos e Redemoinhos

... e ele mostrou-lhe uma mulher radiante, com lábios trêmulos, sorridentes, grandes olhos escuros e um ar de quem está a espera de que alguma coisa... divina aconteça. Ela sabia que iria acontecer infalivelmente.

Mas não era com ele. E o trecho do livro que deveria servir de prenúncio só confirmou em reflexo que era mesmo solidão o que existia dentro dela, mesmo com ele ali do outro lado da sala. E ela esperou que ele viesse a seu encontro, ela esperou que ele escolhesse sua companhia na sexta, ela esperou que ele desse a ela apoio, mas só pra descobrir que esperou mais e de novo. E a mesma frustração veio de uma expectativa que criou sozinha e para si. “Furacões”, ela pensou, “preciso conter furacões”.
Quis ampará-la. Quis abraçá-la para conter o seu choro, quis contar uma história. Mas é que algumas coisas a gente aprende mesmo sozinha. Nem é culpa do outro, que não precisava sentir o mesmo que a gente. Carinho, amor precisam ser espontâneos... sabia.
Mas ela sentia falta. Sentia falta da segurança, das promessas de futuro, da intensidade do quero tudo e agora. Dos impensáveis com os amigos, dos planos, das vontades divididas no outono. Mas o disco era outro, o momento era outro...
Quis dizer a ela que as coisas têm seu tempo e que deveria ter calma, mas os precipícios que existiam dentro dela o levaram para longe em silêncio. Porque o que ela queria do mundo era algo divino, algo infalivelmente divino. Não a memória distante do que havia sido incrível... um dia.

*
Porque no fundo tudo o que queria era o que aquela velha tela no computador em silêncio lembrava: “Despite all the walls you built i’m here, you don’t have to be on your own”.


Mas ela estava... De novo.

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